terça-feira, 3 de julho de 2012

Queixas

Não sei mais qual lugar dói. Vou reclamar do que então? Da minha inquietação proveniente do seu “eu te amo” que, na verdade, quer dizer “tchau”? Talvez. Ou do telefone que não toca. Pode ser. Ou de quando você não me abraçou com medo de eu te engolir. De como eu posso nos ver de longe, em câmera lenta todas às vezes. Do medo de que aquele dia acabasse e eu perdesse a memória. Do fato de você conseguir mentir pra mim. De quando você disse que ia lembrar-se de mim até... De você ter escolhido alguém que sabe viver sem você. Da sua ideia fixa de que ainda vamos ficar juntos. Posso reclamar de quando você reclama de como eu te olho. Da minha vontade egoísta de cuidar de você. Por você questionar o que sentimos um pelo outro. Do exato minuto em que eu penso que não te amo mais. Do urso que eu roubei e não tem seu cheiro. De como você me conhece. De como você aceita facilmente o meu “adeus”. Das suas partes que só eu conheço. De como você me acha mimada. De quando eu falhei com você. Do fato de você não usar mais o moletom amarelo. De não ter mais baratas pra gente matar. De eu querer contar tudo pra você. Das brigas que não tem sentido. De como o tempo passou tão rápido. Da sua ausência de coragem. De como estou sempre ao seu lado. Das noites mal dormidas mais perfeitas. De como eu gosto da sua barba por fazer. De como você arruma o seu cabelo. De quando você diz que eu estou bonita. De quando você não diz que estou bonita. De como eu imagino que poderia ter sido. Da minha ânsia por estacionamentos. Do tempo que eu perco fazendo planos. De quando eu acho que ainda estamos bem. De quando estranhamente estamos bem. Do “better togheter” que faz sentido. De tudo que só faz sentido agora. Da liberdade de se prender. D’eu aceitar tão pouco. De eu não saber não te beijar. De como você detesta me ver chorar. De como eu consigo te ver só de improviso. De eu estar realmente esperando dia 8. Do tanto de coisas que eu tenho pra reclamar. De eu simplesmente não conseguir evitar sorrir quando eu te vejo e de como meus olhos brilham toda vez.

Um comentário:

Carla Said disse...

Queixas muito bem escritas. Amor demais dói e cura!
Excelente post!