quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ensaio sobre a vaidade

Existe um espaço muito pequeno entre a vaidade e a falta de auto estima. Uma correlação que pode esclarecer muito bem o que de fato a vaidade constrói para destruir.
Sempre fui muito vaidosa e achava que não era. Pensava que meus atos contrários as regras morais poderiam de alguma maneira significar a minha indiferença ao que os outros pensavam. Na verdade era o contrário! Não ser o que a maioria esperava de mim tinha apenas relação com o medo de eu não conseguir ser a pessoa que eu gostaria de ser para os outros.
A vaidade constrói comportamentos para destruir personalidades.Como eu havia dito, um espaço muito pequeno entre a vaidade e a falta de estima. 
A vontade de esconder minha dificuldade em dar o meu melhor aos outros se expressava na maneira como eu me relacionava comigo mesma.
Às vezes é isso: A vaidade não é somente a falsa performance para mostrar os outros o que você gostaria de ser. 
No meu caso, eu me preocupo tanto com o que os outros vão pensar que eu finjo que não me importo e acabo sendo indiferente com o que quero para mim. Ou seja, ela constrói falsas relações com o proxímo e destrói a minha relação comigo mesma.
A auto confiança e a auto estima não é se basear no que outro espera de mim, mas sim, o que eu espero de mim quanto as outras pessoas. Permitir que o medo de ser você mesmo atrapalhe quem você parece ser, é vaidade.
Fingir que não se importa com o que os outros pensam, é vaidade. Não dar o melhor de você com medo de falhar com os outros, também é vaidade.
Quando a sua necessidade em ser melhor envolve não se privar de ser você mesmo, é meio caminho andado para a revolução contra as vaidades.
O pensamento de que não nos importamos com o que outro pensa é mera vaidade disfarçada de amor próprio. A auto estima estima também o próximo que vai te amar você sendo você mesmo ou não. Vai ter odiar você sendo você mesmo ou não.  E o que é melhor? Ser amado pelo você é, ou pelo que você finge ser? Ser odiado sendo quem você quer, ou ser odiado com uma máscara que nem se encaixa em seus valores? Procure saber o que você gostaria de ser, e deixe de lado o que as pessoas esperam de você!

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Ensaio sobre a ansiedade

Escrever para mim é como alguma fórmula maluca que faz circular melhor o sangue e colocar os pensamentos em ordem. Como que se antes de escrever eu tivesse alguma disfunção grave. Não é tão grave a situação de ausência dos versos até que percebo que a cada dose da palavra se alívia a dor de ser eu mesma. Não preciso de muito, mas quando me acostumo, não me imagino sem as letras e a frase que se completa, se transforma em uma exposição de coisas que estavam na minha cabeça e agora passaram a existir para outros.
Vivendo em tempos em que a necessidade de interatividade e compartilhamento de ideias se dá de maneira tão acelerada que qualquer coisa que deveria ser privada ou simples e individual de compreensão e digestão própria é passada para frente. É nítido que por isso a disseminação é de coisas irrelevantes. E talvez o irrelevante é idiota e o idiota virou o novo engraçado. E ai, em grandes quantidades, as informações irrelevantes passam a ser as mais importantes para a maioria das pessoas. Acontece que ingerimos tão rápido que o lento é rejeitado pela falta de paciência, e então, nos tornamos intolerantes a profundidade das coisas que acontecem devagar. Será que eu também amo a rapidez? O que me preocupa é essa sensação de que estou sozinha quando estou sendo profunda e detalhista, mergulhando em todos ao meu redor. Me sinto como que estivesse enloquecendo e as pessoas escorregando entre os meus dedos enquanto me finjo de rápida. Pode ser que nesse momento venha a tona a flexibilização e relativização das coisas. Quero dizer, o que é rápido para mim poder não ser para outro e vice versa. Mas na real, não é disso que estou falando. Me refiro a essa necessidade de controlar os milésimos de segundos que vão sobrepor essa página em branco. O que eu escolho para preencher o vazio. É raso ou profundo? O que acho pior da ansiedade é que ela não faz apenas nos preocuparmos com o futuro, o que de fato pode ser pior que isso é que ela nos tira do presente e traz sem mais nem menos a ideia de que estamos fazendo algo que não deveríamos, ou de estarmos no lugar errado, às vezes, com as pessoas erradas. A ansiedade é a fobia de um espaço e tempo onde não podemos estar vários lugares ao mesmo tempo. Uma fobia de nós mesmos querendo ser Deus que criou o mundo em 7 dias.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Velocidade da luz

A necessidade de um espaço no tempo
Onde agora eu estou com você
Quer um poema?
Na poesia eu posso ser
As palavras que viajam
Na velocidade da luz
Pra me levar até aí
É onde mora o perigo
Aonde eu quero estar
Se nada dura para sempre
Como posso lembrar
Da sintonia dessa fita
Que eu não quero acabar?
Posso dizer em palavras
O que não posso explicar
Sem dúvida e sem pressa
Um gosto de quero mais
Quero mais a dor
De ser sozinha
Mas cheia de amor


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Diário de uma co- dependente


Meu blog nunca foi verdadeiramente um diário. Apesar de muitas poesias e textos expressarem o que eu passo, não existe algo que me exponha como que se num confessionário. Sou treinada a vida toda a deixar as palavras mais bonitas do que são, mesmo que num contexto triste, e isso faz a verdade nua crua não aparecer. Para isso eu teria de deixar a minha vaidade de lado. Com dói. Prefiro ser vista e admirada pelo capricho que é dizer as coisas de uma maneira breve. E a brevidade pode até ser concisa, mas é também superficial. Como podes ver, eu escrevo muito sem dizer nada.  E é exatamente isso que eu quero mudar, juntamente, relatar e tratar minha doença: me anular para deixar que o outro seja todo o amor que afinal eu necessito. Sim! Sou co-dependente emocional. Não sou uma mulher que consegue amar pouco. Sou uma das mulheres que amam demais. Só uma mulher que ama demais pode entender um amor tão avassalador e destrutivo como sendo bom. O assunto é esse, a dependência de se doar mais que do que se recebe.  Isso e o ciúme. A possessão. Dentre outras muitas palavras que me fazem sentir uma pessoa não tão amável, mas amadora no amor.
Ter a consciência de que amamos demais pode ajudar e muito. Sei hoje exatamente que tipo de homem pode me destruir por conta da minha doença. Até por que foram eles, os problemáticos e doentes que sempre escolhi pra ter perto de mim. Isso não pode ser mudado de uma hora pra outra, até porque lidar com os saudáveis pra mim é um desafio.
A boa nova é que eu quero esse desafio pra mim. Finalmente me envolver com caras saudáveis e equilibrados no que se refere à mente.
Como eu disse, não é fácil pra mim, pois os caras bons que tem características que eu ainda nem conheço, eles me entediam sem fim. Eu gosto de sentir o frio barriga.  A dor peito de amor. A vontade de sair gritando. A paz não combina o amor em demasia, já perturbação, sim.
Eu gosto de me imaginar em contos de fadas que não terminam felizes para sempre e sim, terminam no amor.
Quem já leu ou já ouviu falar da co-dependência vai se identificar ao menos um pouco. Isso é normal, pois vivemos em uma sociedade deficiente no amor. O amor irá perecer, e isso é bíblico, e mesmo se não fosse está acontecendo diante aos nossos olhos. A segregação. A indiferença diante ao que é diferente de nós. Esse movimento acontece em decorrência do capital que nos leva a consumir algo que nos faça sentir parte de tudo isso.  Tudo que parece diferente de nós causa um estranhamento e distanciamento.
O que eu gostaria discorrendo sobre esse assunto e perceber o quanto o diferente pode ser bom. E quem sabe o que parece entediante e saudável transforme-se em algo comum e aceitável para mim.
Seja o que eu Deus quiser!

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crônica ao Bino

Havia um rosto familiar. E agora sua risada também era. E sua assertividade. A certeza de ser alguém que faz a diferença. Ele não poderia ser diferente. Coloca-se no lugar do outro, mas não se reconhece como igual, mas sim como um conhecedor de pessoas. Não compreende a maldade porquê prefere omiti-la. Como que se a bondade dependesse de uma enorme vontade de fazer o bem. Eu e você somos diferentes na dor. Mas amamos a fragilidade. Penso no que temos em comum. Vi que uma casa em construção nos assombra. Me despi da ilusão e você ainda fala em expectativas. Há consciência de que é sua ausência que me frusta. Claro. E as suas convicções. Tanto cheias de Deus quanto da face que ama comprar a autoridade para parecer importante. E como que se Deus tivesse algo com isso. Não há nada em querer ser grande quando somos imensos por dentro. Se o mundo de fora tem cores demasiadamente prazerosas, eu não sei o porquê, mas eu prefiro ser livre. Já que a ordem e o consumo das coisas passou a ser ordem e consumo das pessoas. Apreender com o outro depende não só da humildade, mas do desprendimento de qualquer base que te defina como você é. E então na Babilônia, com seus interesses de vidro e o seu medo de ser amado me coloco bem dotada e cheia de boas intenções...

sábado, 4 de junho de 2016

Resposta ao "Luto"

Essa vida que estamos dispostos a enxergar fala conosco quando também estamos dispostos a ouvir.
Muitos já perecem diante dela e por isso permaneço poetisa, pra poetizar o presente que é a vida e torná-la eterna, apreendendo sua beleza na revelação de meus poemas e morrendo mais de uma vez todos os dias:
Hoje estou de luto e a morte na poesia também é dor.
A angústia também agarra a garganta, emudecendo a voz que mesmo morta ainda é capaz de viver em meus versos.
Eu morri. E peço pra que me leia e leia minha morte em voz alta e vença assim a guerra que não sou e jamais serei capaz de vencer, a batalha contra a mim mesma.
Eu morri. E peço pra que sorria mesmo assim, com o sorriso que te dou pra vestir sem saber se ao menos irá te servir. Caso não caiba em lugar algum, saiba que ele ainda morará nesses versos...
E peço também que não tenha medo de vesti-lo, pois o importante não é o medo que passou a existir, e sim esse sorriso que já existe antes mesmo de você sorrir.
Eu morri. E não há culpado, já que depois de morta me livrei da culpa de viver.
Se nos culpamos pra nos livrar da culpa que é morrermos diante a vida, continuarei morrendo até que eu não negue o criador de minha própria vida.

Todo o Resto

Difícil é não ficar indócil 
Desejando não lagar o osso 
Querendo você 
Me querendo
Vou te contar um segredo:
Quando te vejo
Do certo ou errado
Você me parece
Ser todo o resto