terça-feira, 17 de setembro de 2019
Crônica ao Bino
Havia um rosto familiar. E agora sua risada também era. E sua assertividade. A certeza de ser alguém que faz a diferença. Ele não poderia ser diferente. Coloca-se no lugar do outro, mas não se reconhece como igual, mas sim como um conhecedor de pessoas. Não compreende a maldade porquê prefere omiti-la. Como que se a bondade dependesse de uma enorme vontade de fazer o bem. Eu e você somos diferentes na dor. Mas amamos a fragilidade. Penso no que temos em comum. Vi que uma casa em construção nos assombra. Me despi da ilusão e você ainda fala em expectativas. Há consciência de que é sua ausência que me frusta. Claro. E as suas convicções. Tanto cheias de Deus quanto da face que ama comprar a autoridade para parecer importante. E como que se Deus tivesse algo com isso. Não há nada em querer ser grande quando somos imensos por dentro. Se o mundo de fora tem cores demasiadamente prazerosas, eu não sei o porquê, mas eu prefiro ser livre. Já que a ordem e o consumo das coisas passou a ser ordem e consumo das pessoas. Apreender com o outro depende não só da humildade, mas do desprendimento de qualquer base que te defina como você é. E então na Babilônia, com seus interesses de vidro e o seu medo de ser amado me coloco bem dotada e cheia de boas intenções...
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