quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Velocidade da luz

A necessidade de um espaço no tempo
Onde agora eu estou com você
Quer um poema?
Na poesia eu posso ser
As palavras que viajam
Na velocidade da luz
Pra me levar até aí
É onde mora o perigo
Aonde eu quero estar
Se nada dura para sempre
Como posso lembrar
Da sintonia dessa fita
Que eu não quero acabar?
Posso dizer em palavras
O que não posso explicar
Sem dúvida e sem pressa
Um gosto de quero mais
Quero mais a dor
De ser sozinha
Mas cheia de amor


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Diário de uma co- dependente


Meu blog nunca foi verdadeiramente um diário. Apesar de muitas poesias e textos expressarem o que eu passo, não existe algo que me exponha como que se num confessionário. Sou treinada a vida toda a deixar as palavras mais bonitas do que são, mesmo que num contexto triste, e isso faz a verdade nua crua não aparecer. Para isso eu teria de deixar a minha vaidade de lado. Com dói. Prefiro ser vista e admirada pelo capricho que é dizer as coisas de uma maneira breve. E a brevidade pode até ser concisa, mas é também superficial. Como podes ver, eu escrevo muito sem dizer nada.  E é exatamente isso que eu quero mudar, juntamente, relatar e tratar minha doença: me anular para deixar que o outro seja todo o amor que afinal eu necessito. Sim! Sou co-dependente emocional. Não sou uma mulher que consegue amar pouco. Sou uma das mulheres que amam demais. Só uma mulher que ama demais pode entender um amor tão avassalador e destrutivo como sendo bom. O assunto é esse, a dependência de se doar mais que do que se recebe.  Isso e o ciúme. A possessão. Dentre outras muitas palavras que me fazem sentir uma pessoa não tão amável, mas amadora no amor.
Ter a consciência de que amamos demais pode ajudar e muito. Sei hoje exatamente que tipo de homem pode me destruir por conta da minha doença. Até por que foram eles, os problemáticos e doentes que sempre escolhi pra ter perto de mim. Isso não pode ser mudado de uma hora pra outra, até porque lidar com os saudáveis pra mim é um desafio.
A boa nova é que eu quero esse desafio pra mim. Finalmente me envolver com caras saudáveis e equilibrados no que se refere à mente.
Como eu disse, não é fácil pra mim, pois os caras bons que tem características que eu ainda nem conheço, eles me entediam sem fim. Eu gosto de sentir o frio barriga.  A dor peito de amor. A vontade de sair gritando. A paz não combina o amor em demasia, já perturbação, sim.
Eu gosto de me imaginar em contos de fadas que não terminam felizes para sempre e sim, terminam no amor.
Quem já leu ou já ouviu falar da co-dependência vai se identificar ao menos um pouco. Isso é normal, pois vivemos em uma sociedade deficiente no amor. O amor irá perecer, e isso é bíblico, e mesmo se não fosse está acontecendo diante aos nossos olhos. A segregação. A indiferença diante ao que é diferente de nós. Esse movimento acontece em decorrência do capital que nos leva a consumir algo que nos faça sentir parte de tudo isso.  Tudo que parece diferente de nós causa um estranhamento e distanciamento.
O que eu gostaria discorrendo sobre esse assunto e perceber o quanto o diferente pode ser bom. E quem sabe o que parece entediante e saudável transforme-se em algo comum e aceitável para mim.
Seja o que eu Deus quiser!

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crônica ao Bino

Havia um rosto familiar. E agora sua risada também era. E sua assertividade. A certeza de ser alguém que faz a diferença. Ele não poderia ser diferente. Coloca-se no lugar do outro, mas não se reconhece como igual, mas sim como um conhecedor de pessoas. Não compreende a maldade porquê prefere omiti-la. Como que se a bondade dependesse de uma enorme vontade de fazer o bem. Eu e você somos diferentes na dor. Mas amamos a fragilidade. Penso no que temos em comum. Vi que uma casa em construção nos assombra. Me despi da ilusão e você ainda fala em expectativas. Há consciência de que é sua ausência que me frusta. Claro. E as suas convicções. Tanto cheias de Deus quanto da face que ama comprar a autoridade para parecer importante. E como que se Deus tivesse algo com isso. Não há nada em querer ser grande quando somos imensos por dentro. Se o mundo de fora tem cores demasiadamente prazerosas, eu não sei o porquê, mas eu prefiro ser livre. Já que a ordem e o consumo das coisas passou a ser ordem e consumo das pessoas. Apreender com o outro depende não só da humildade, mas do desprendimento de qualquer base que te defina como você é. E então na Babilônia, com seus interesses de vidro e o seu medo de ser amado me coloco bem dotada e cheia de boas intenções...